quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Ensaio sobre a Matrix

Eu finjo que moro com aquelas pessoas. Habitamos a mesma casa, porém, nunca comemos à mesa. Entro como um furacão e encontro coisas no sofá. Abro a porta discretamente e observo objetos inanimados. Assustei-me ao ver que a estátua, localizada no sofá, estava com uma caixinha de metal nas mãos. Algo hipnotizante e dinâmico. Uma estátua isolada naquele mundo minúsculo entre as mãos. Uma estátua surda. Uma estátua cega. Uma estátua morta na realidade. Quando, curiosa, caminhei até o quarto, tinha em cima da cama um objeto inanimado, com os sentidos fixados na mesma caixa metálica poderosa. Eu estava aterrorizada. A situação piorou quando encontrei algo aparentemente familiar, porém, com um olhar alienado, executando movimentos robóticos. Vinha com uma pequena folha branca escrita em letras garrafais ''Manual de Instruções: Acordar, trabalhar e dormir.''. Saí perplexa, procurando pelas pessoas com quem eu morava. Não encontrei nada com vida, exceto meu gato Lírio, a caixinha metálica e o manual de instruções. E eu? Eu sou aquele quadro de flores pregada de maneira torta, na parede.

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